Confira o que “Prova Fácil” publicou em agosto de 2020 sobre o
assunto e confira as diferenças entre ensino online e ensino
remoto.
Qual é a diferença entre ensino
online e ensino remoto?
Em um primeiro momento, as definições podem parecer as mesmas,
mas especialistas defendem que há diferenças importantes entre eles,
ainda que o meio de se transmitir o conhecimento seja o mesmo, que
é a internet e suas plataformas digitais.
Uma das bases que compõem essa diferença é o design instrucional,
campo de estudo que trata do processo de aprendizagem em qualquer
contexto, desde a educação presencial tradicional até a tendência de
ensino online, disponibilizado através de uma plataforma EAD para tal,
além de treinamentos corporativos.
É este estudo que permite entender quais são os melhores formatos,
materiais e cursos para que haja engajamento e aprendizado real em
cada contexto. Se há mudança no contexto, é necessário que haja
mudança no formato das aulas.
O ensino remoto, por sua vez, é algo como uma “adaptação” do que
seria aplicado presencialmente, ou seja, a aplicação digital de algo
que foi pensado para a sala de aula, em que alunos e professores
dividem o mesmo espaço físico.
Neste, em geral, a interação entre aluno e professor é distante e,
muitas vezes, assíncrona. Também por isso, é muitas vezes
considerado uma estratégia de mitigação rápida, porém, de baixa
fidelidade.
O ensino online ou EAD, por sua vez, é direcionado para a interação
online, ou seja, trata-se de uma experiência completamente
desenvolvida e voltada para aplicação pela internet, que passa por um
planejamento minucioso para os meios digitais. Esta é, portanto, uma
estratégia de maior durabilidade.
Geisa Ferreira, coordenadora do curso de Pedagogia da UNINASSAU
Maceió, explicou no blog da instituição que ensino remoto e EAD são
conceitos diferentes e que devem ser compreendidos por todos. Ela
falou sobre o ensino superior, mas isso também se aplica a outros
estágios da educação.
Com essas definições, podemos ver como a diferença entre
a educação online e a educação remota são realmente significativas, já
que podem mudar completamente a maneira que professores e alunos
se relacionam com o ensino e o aprendizado.
Para o autor do livro College Disrupted, Ryan Craig, as aulas
assíncronas tão presentes nos cursos on-line pecam ao tentar imitar a
santa trindade da sala de aula: a lição, a discussão e a tarefa, que já
conhecemos há décadas.
Replicar fielmente esses elementos – a palestra em forma escrita ou
em vídeo, a discussão por meio de um quadro de discussão e uma
tarefa por escrito – tem sido, segundo ele, altamente limitante para o
aprendizado on-line.
Isso ocorre especialmente porque alguns desses elementos se
traduzem mal através de computadores onde as aulas hoje
acontecem. Não por acaso, as taxas de conclusão dos cursos online
assíncronos são muito baixas.
É preciso entender o tempo, o ritmo e a necessidade de um aluno que
precisa aprender através do meio digital.
Essa diferença, inclusive, é corroborada até mesmo na Lei nº 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, a famosa Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional ou simplesmente LDB.
Em seu § 4º, por exemplo, ela diz que “O ensino fundamental será
presencial, sendo o ensino a distância utilizado como
complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais.”
A mesma lei também comenta sobre o ensino a distância em outras
fases da educação, mas o termo utilizado é sempre “a distância”, não
“remoto”, diferença que é bastante significativa, como comentamos
por aqui.
Na prática, o que muda entre
educação online e educação
remota?
Que a educação online é planejada para este meio, enquanto
a educação remota é adaptada, o que resulta em um prejuízo bem
grande no ensino por parte dos professores e na aprendizagem por
parte dos alunos.
Para entender melhor como isso funciona, podemos pensar em um
exemplo que não parece ter tanto a ver com o assunto, mas ajuda a
abrir nossas mentes para compreender como a diferença é
significativa: comparar um time de futebol de campo com um de
futebol de salão.
O tamanho de uma quadra de futsal para jogos internacionais é de, no
mínimo, 20 metros de largura e 38 metros de comprimento, com
máximo de 25 m x 42 m. No futebol de campo, também para jogos
internacionais, a largura deve variar de 64 m a 75 m e o comprimento
de 100 m a 110 m.
O tamanho dos times também muda: no futsal, são 5 jogadores para
cada lado, sendo 1 goleiro e 4 jogadores na linha, enquanto no futebol
de campo são 11 jogadores, sendo 1 goleiro e 10 jogadores na linha.
O tempo é outra diferença notável: são dois tempos de 20 minutos
para o futebol de salão, sendo que o cronômetro não é corrido, ou
seja, para quando o jogo não está em andamento. No futebol de
campo, são dois tempos de 45 minutos cada, com o relógio corrido e
os acréscimos ao final de cada tempo para compensar as paradas.
Também há outras diferenças importantes, como o desgaste físico, o
tipo de calçado utilizado, o período de intervalo entre os dois tempos,
as posições dos jogadores e a quantidade de substituições.
Embora o esporte praticado seja o mesmo, as variações fazem com
que o futebol de salão e o futebol de campo sejam bem diferentes
entre si. Jogadores profissionais até podem ter um bom desempenho
em ambas modalidades, mas é preciso passar por uma série de
adaptações.
Podemos dizer que as diferenças da educação online e a educação
remota funcionam mais ou menos da mesma forma. A área é a mesma
(educação), mas os meios são completamente diferentes (presencial
ou a distância), o que significa que os resultados também mudam
muito.
Assim como as táticas do futebol de campo não podem ser aplicadas
no futebol de salão e trazer a mesma eficácia, e vice-versa, o
planejamento do ensino presencial é bem diferente do que acontece
no ensino a distância, e o máximo aproveitamento só será possível
com um planejamento próprio para cada modalidade.
Entenda na prática algumas das boas práticas que o
ensino online deve considerar
- Priorizar o engajamento utilizando tópicos recentes do
mundo real e estudos de caso para estimular a discussão e
até a emoção, incorporando interatividade e resultados
mensuráveis imediatos. - Facilitar a organização e a navegação, removendo etapas e
cliques desnecessários que não contribuem com nada para o
aprendizado. - Repensar a avaliação incentivando a pesquisa e o
pensamento original em vez da memorização. - Sempre responder à pergunta “Por que isso é importante
para mim?” para os alunos, criando experiências de
aprendizado intencionais e indo direto ao ponto do que eles
realmente necessitam (em geral, desenvolver habilidades
necessárias para o mercado de trabalho e para a vida).
O fato de dividir o mesmo espaço físico significa que os professores
possuem uma comunicação direta com seus alunos, além de respostas
imediatas. Todos participam da aula no mesmo momento e podem se
conversar sem qualquer impeditivo.
O ensino a distância permite uma ótima comunicação, de fato, mas os
processos funcionam de maneira diferente. É preciso se concentrar
em uma plataforma online, em que a participação dos alunos e
professores acontece de maneira peculiar.
Em relação aos recursos disponíveis, porém, o EaD está muitos
passos à frente do que costuma ser praticado nas salas de aula. Os
materiais de apoio podem ser compilados e facilmente acessados
pelos alunos a qualquer momento, além da praticidade que os
professores têm de ter os dados dos estudantes centralizados.
Há pontos que podem pertencer “aos dois mundos”, como as provas
online e a correção automática de provas, recursos digitais
perfeitamente capazes de serem aplicados às rotinas de aulas
presenciais.
É por isso que o ensino online é uma alternativa muito melhor e mais
completa do que o ensino remoto quando se fala sobre ter aulas na
internet.
Qual é a solução, então, para o
ensino online?
Que ele seja originalmente pensado para as plataformas virtuais, que
trazem um verdadeiro mundo de possibilidades para professores e
alunos.
Nosso intuito não é o de criar uma barreira entre a educação online e a
presencial, como se elas não pudessem fazer parte do processo de
aprendizagem dos alunos, de forma alguma, mas sim que o
planejamento seja adequado para o que todos terão à disposição.
O Coronavírus mostrou como as instituições de ensino podem se
preparar para o EaD e como essa mudança é urgente. A massiva
adoção dos alunos do ensino superior pelo ensino a distância é uma
prova cabal de que a modalidade só tem a crescer ainda mais com o
passar do tempo.
É fato que a educação remota está sendo adotada como uma solução
emergencial neste momento de pandemia e que é muito melhor
colocá-la em prática do que ter um ano totalmente perdido para a
educação, mas quando se pensa em algo a médio e longo prazo, o
conceito de educação online ganha bastante força.
Os desafios da transformação digital na educação existem, sem
sombra de dúvidas, mas podem (e devem) ser superados por quem
ainda deseja se manter relevante neste cenário.
Por fim, podemos dizer que saber como instituições de ensino podem
se preparar para o EaD nunca foi tão importante quanto é hoje, e
quanto antes isso for colocado em prática, melhor será para todos os
envolvidos: professores trabalharão melhor, alunos aprenderão com
mais qualidade e instituições ganharão alunos.
Um abraço e até a próxima.