Escolas de Ensino médio de todo o Brasil lidam com o desafio da reestruturação das novas diretrizes curriculares nacionais.
Fontes: Portal da Indústria Ministério da Educação
Você sabia ?
O ensino médio é a que tem as maiores taxas de abandono de estudo, reprovação e atraso escolar que vão de dois anos ou mais.
De acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2020, apenas 65,1% dos brasileiros concluíram o Ensino Médio na idade esperada, até os 19 anos – percentual que chega a 51,2% entre os mais pobres. E 12% dos brasileiros com idades entre 15 e 17 anos estão fora das salas de aula.
Na verdade, o Ensino médio tradicional no Brasil estava desconectado da realidade dos nossos alunos e de seus projetos de vida .Estava na hora da Escola conversar com a realidade atual, promover um ensino alinhado com as necessidades dos estudantes e os preparar para viverem em sociedade e enfrentarem os desafios de um mercado de trabalho dinâmico.
O “Novo Ensino Médio atende aos objetivos desses jovens, personalizando os caminhos que o estudante pode seguir no seu projeto de vida e de carreira, oferecendo orientação profissional e trabalhando suas habilidades socioemocionais .
Numa experiência pioneira no Brasil, em 2020, o SESI e o SENAI formaram a primeira turma do Novo Ensino Médio. São 198 jovens, dos quais 13% da classe C e 87% da classe D, que chegam ao mercado de trabalho com um diploma técnico.
A adaptação das escolas começou em 2018.
A partir de 2022 o novo ensino começa a ser implementado de forma gradual, seguindo um modelo de aprendizagem focada na formação de cidadãos e no desenvolvimento de competências e habilidades, com disciplinas integradas em quatro áreas do conhecimento que possibilita que os alunos escolham itinerários formativos de acordo com áreas de seu interesse e projetos de vida e de carreira.
A Lei nº 13.415/2017, que institui as alterações, estabelece maior integração e flexibilidade curricular e a oferta de itinerários formativos.
São cinco itinerários que a escola pode ofertar – entre eles, o de formação técnica e profissional – e os alunos escolherão qual cursar de acordo com as áreas de seu interesse.
O cronograma proposto pelo Ministério da Educação é o seguinte:
- Em 2021 acontece a aprovação e homologação dos referenciais curriculares pelos respectivos Conselhos de Educação e formações continuadas destinadas aos profissionais da educação;
- Em 2022 a implementação dos referenciais curriculares no 1º ano do ensino médio;
- Em 2023 a implementação dos referenciais curriculares nos 1º e 2º anos do ensino médio;
- Em 2024 a implementação dos referenciais curriculares em todos os anos do ensino médio;
- E nos anos de 2022 a 2024 a monitoramento da implementação dos referenciais curriculares e da formação continuada aos profissionais da educação.
Uma observação
- Mais de 70 escolas do Serviço Social da Indústria (SESI), em 22 estados, já estão integradas às novas regras. Para a oferta do itinerário V, de formação técnica profissional, o SESI conta com a parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), como forma de conectar educação com mercado de trabalho. Conheça o programa, acesse o link portaldaindustria.com.br
As principais mudanças do Novo Ensino Médio são o aumento da carga horária dos estudantes, a adoção de uma base comum curricular e a escolha dos itinerários formativos.
A carga horária de aulas sofrerá modificações que deverão ser implementadas até 2022. As escolas terão cinco anos desde a publicação da Lei para ampliar a carga para mil horas anuais, que deverão ser divididas em 200 dias letivos.
De maneira progressiva, todas as escolas de ensino médio passarão a ter ensino em tempo integral. Essa mudança foi motivada pela Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral do Governo Federal, a qual prevê o repasse de R$ 1,5 bilhão, ao longo de dois anos, para a conclusão da implementação.
A estrutura curricular
A lei estabelece a BNCC , Base Nacional Comum Curricular e os itinerários formativos, formados por quatro áreas de conhecimento – Linguagens e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. E acrescenta um quinto itinerário, de Formação Técnica e Profissional (FTP).
Na nova estrutura, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que terá até 1.800 horas de carga horária, contempla habilidades e competências relacionadas às 04 áreas do conhecimento a saber: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas .
O restante da carga horária, no mínimo 1.200 horas, são flexíveis e ficarão reservados para os itinerários formativos. No início do ensino médio, os estudantes terão que escolher um dos itinerários. São eles: Matemáticas e suas Tecnologias; Linguagens e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; e Formação Técnica e Profissional.
Enfim..
As mudanças buscam proporcionar aos alunos a oportunidade de focar nos próprios interesses e prioridades, no que é essencial para exercer sua vocação e seguir o caminho profissional depois da escola.
Com o Novo Ensino Médio, pretende-se desenvolver nos estudantes habilidades socioemocionais e autonomia para eles definirem um projeto de vida e de carreira.
O que muda para os professores do novo ensino médio?
Haverá mudanças também para os profissionais da educação, que deverão planejar e realizar as aulas de maneira integrada entre as diferentes /áreas de conhecimento/ disciplinas.
Para o itinerário de Formação Profissional e Técnica, é permitida a atuação de profissionais com notório saber, reconhecidos pelos respectivos sistemas de ensino para ministrar conteúdos relacionados a sua experiência profissional.
Um engenheiro poderá dar aula no curso técnico de Edificações, por exemplo.
Maior flexibilidade no currículo, conteúdo integrado em áreas do conhecimento e a oferta de itinerários formativos, que permitem ao estudante se aprofundar nos campos com os quais mais se identifica.
Para os professores, a mudança mais significativa que o novo modelo traz é a abertura de leque de possibilidades em relação à contratação, com a inclusão dos profissionais de notório saber para o itinerário de formação profissional e técnica.
A implementação do novo ensino médio traz benefícios para alunos e professores
. Será possível disponibilizar mais tempo para os estudantes aprofundarem em conhecimentos específicos que vão agregar e são importantes para o futuro profissional que cada um escolher.
O Novo Ensino Médio contribui ainda com o desenvolvimento do projeto de vida e carreira dos alunos, já que as escolas deverão priorizar atividades que promovam a cooperação, a resolução de problemas, o desenvolvimento de ideias, o entendimento de novas tecnologias, o pensamento crítico, a compreensão e o respeito.
Apesar de serem premissas importantes na formação de qualquer cidadão e profissional, não são de aplicação obrigatória no modelo antigo de ensino.
Outro benefício da nova metodologia é o de proporcionar menos aulas expositivas e focar mais em projetos, oficinas, cursos e atividades práticas e significativas. É o que o SESI vem aplicando em suas escolas parceiras.
Um relatório de percepção de estudantes em escolas piloto do SESI que já tiveram o Novo Ensino Médio aplicado em parceria com o SENAI, mostra ampla satisfação com o novo modelo.
Uma pesquisa feita e publicada pela CNI – (Confederação Nacional da Indústria ) aponta que nove, em cada dez alunos participantes do projeto piloto, estão satisfeitos com a experiência. Na percepção desses alunos, a experiência do Novo Ensino Médio é positiva em todos os aspectos analisados.
Maior flexibilidade no currículo, conteúdo integrado em áreas do conhecimento e a oferta de itinerários formativos, que permitem ao estudante se aprofundar nos campos com os quais mais se identifica.
De acordo com a legislação, até o início de 2022, todas as escolas da rede pública e privada deverão ter começado a transição.